Na minha família tinha um negócio de que todo desgostar alheio era inveja, se alguém chegasse contando de um conflito na escola, no trabalho, vizinhança ou parente do outro lado, com certeza era porque a pessoa que desgostava de um de nós tinha inveja. Isso era tão marcado que vira e mexe alguém adoecia, um mal súbito inexplicável, sono absoluto, um terçol, furúnculo ou espinha na ponta do nariz, era quebrante na certa, inveja pesada. Enquanto fui parte da família acreditei nisso. Todas as brigas que tive no fundamental I eram resultado da imensurável inveja que as colegas tinham da minha inteligência e desenvoltura. Só podia ser, nada mais explicava o bullying escroto que eu sofria, os bate-bocas no final da aula e as picuinhas sempre que levantava a mão para perguntar. Se eu não era suportada, provavelmente decorria da bendita inveja que o outro sentia, ou melhor, a outra, porque em geral, as invejosas eram do gênero feminino.
Eu amo muito você e amo a sua escrita feminina, essa pegada sensível e sincera de momentos de todas nós.
Lindo texto. Retrato fiel de muitas infâncias.
Amiga, que texto mais lindo. Fui de encontro bem assim, obrigada.